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Viçosa indígena

Viçosa indígena

19/04/2017 às 06h00 Atualizada em 19/04/2017 às 09h00
Por: Redação - Vale Agora Web
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Solange Almeida mostra barriga no sétimo mês de gestação (Foto: Instagram/Reprodução)
Solange Almeida mostra barriga no sétimo mês de gestação (Foto: Instagram/Reprodução)
Ilustração. 19 de abril, em Viçosa de Alagoas, é dia de referenciar e trazer ao conhecimento dos mais novos, a figura dos primeiros habitantes destas terras. Alagoas, da cultura indígena Caeté, era povoada por diversas subtribos. A limítrofe região serrana de Viçosa, onde se dá início a transição da zona da mata para o agreste e sertão, era palco de sucessivos conflitos quando, nos verões, as tribos Cariris, castigadas pelas secas, invadiam o território das tribos Cambembes que aqui viviam. O historiador viçosense Alfredo Brandão traduz “Cambembe” como “tocadores de taboca”. Taboca é uma espécie de bambu com a qual se produz as flautas primitivas chamadas de pífano, ou pife. Vale atentar que instrumentos semelhantes são também parte da cultura de países andinos como Colômbia e Peru, e até mesmo dos povos asiáticos como os indianos. A história oficial, apesar de um tanto quanto controversa, conta que no período colonial as tribos costeiras foram dizimadas pelos portugueses. Estes estariam vingando a morte antropófaga do Bispo Pero Fernandes Sardinha e toda sua tripulação. Os poucos indígenas sobreviventes foram obrigados pois, a fazer o caminho inverso ao dos Cariris, fugindo da zona da mata para o sertão. A região com grande fartura de água, caça e plantas, ficou deveras desabitada. As tradições Cambembes, de todo modo, foram mantidas pelos poucos remanescentes e pelos que retornaram e mais tarde, quando a região serrana das Alagoas passou a ser novamente habitada, desta vez pelos negros comandados por Zumbi, as culturas foram mescladas dando início aos Ternos de Zabumba, que conhecemos hoje como “bandas de pife”. A música de couro dos tambores africanos acompanhando e sendo acompanhada pela música de sopro das tabocas indígenas. A mistura musical perfeita dos índios e negros. O mestre Bia, do pife, é detentor do conhecimento mais puro desta mistura. É fato que tanto a maneira de fazer o pife e principalmente a maneira de tocar do Bia, são absolutamente particulares. O mestre carrega consigo a essência da miscigenação musical das duas raças. Os dicionários não folclóricos e mais modernos traduzem cambembe como “desajeitado”. Desajeitados ou não, somos todos viventes da terra dos Índios Cambembes. Os exímios tocadores de flauta que são personagens da mais bonita lenda das terras alagoanas: A Lenda dos Dois Irmãos. A estória de Pirauê e Pirauá, líderes da taba, guerreiros apaixonados por uma virgem branca, que ao ver a discórdia entre os irmãos lançou mão de sua própria vida jogando-se no leito do rio. Segundo a lenda, os irmãos transpassados de dor transformaram-se em duas serras e ao meio, o suicídio da virgem deu lugar a maior e bela cachoeira do Paraíba. Viçosa, história de música indígena, estória de amor indígena. Viçosa música e amor. Viçosa dos índios. 19 de abril, dia dos Índios Cambembes. Wagner Accioly Vilela Viçosa, Alagoas, 18 de abril de 2017
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