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Informalidade atinge mais de 260 mil alagoanos no segundo trimestre, aponta IBGE

Informalidade atinge mais de 260 mil alagoanos no segundo trimestre, aponta IBGE

06/10/2019 às 12h26 Atualizada em 06/10/2019 às 15h26
Por: Redação - Vale Agora Web
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Jane tem 46 anos e faz bolos, doces e salgados por encomenda na periferia de Maceió. Lenice, de 55, aluga uma barraca e vende lanche no estádio Rei Pelé. Já Clarice, de 26, vende brownies que negocia pelas redes sociais. As três alagoanas, de diferentes idades e realidades, e que nem se conhecem, fazem parte da mesma estatística junto a outros 268 mil alagoanos. Elas são trabalhadoras informais, ou seja, ganham a vida por conta própria sem qualquer vínculo empregatício. Esse modelo de trabalho tem crescido em paralelo ao desemprego. . Em Alagoas, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no segundo trimestre de 2019, 40 mil pessoas começaram a atuar na informalidade, um crescimento de 17,7% em relação ao primeiro trimestre. O número de informais em Alagoas é o maior registrado desde o terceiro trimestre de 2016. No ano, Alagoas tem o pior resultado do País na geração de emprego. Segundo o levantamento, de janeiro a agosto, o Estado extinguiu 18.921 vagas com carteira assinada, uma retração de 5,37% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa adesão de 40 mil alagoanos à informalidade em um único trimestre é o maior número registrado desde 2015. Nem no auge da informalidade no Estado, no segundo trimestre de 2016, quando 296 mil alagoanos atuavam dessa forma, tanta gente aderiu junta a esse modelo no recorte temporal por trimestre. Antes desse número registrado agora no segundo trimestre de 2019, a maior adesão em um um trimestre havia sido no segundo de 2016, quando 21 mil alagoanos ingressaram na informalidade. De acordo com os dados, 688 mil alagoanos atuam em empregos formais, que este ano ainda não apresentou crescimento no Estado. Portanto, os informais são cerca de 28% da população trabalhadora de Alagoas. Quem dá rosto a estes números são pessoas com Jane Cavalcante, de 46 anos, que enquanto sonha com emprego formal e coisas aparentemente simples como a certeza do salário no fim do mês, vende bolos, doces e salgados na região do bairro Bom Parto, na periferia de Maceió. Para ela, a festa dos outros é motivo de festa para ela também. ?Eu comecei depois que fiquei sem trabalhar. Comecei a fazer o que eu sempre gostei, que é trabalhar com bolos, doces e salgados. Precisava cobrir as despesas que eu tinha?, relata. Ela conta que trabalho mais no fim de semana. ?Durante a semana só um horário, mas no fim de semana é o dia todo?. Todavia, ela diz que o lucro é na mesma medida do trabalho, ou seja, uma incerteza. ?Viver sem salário eu não acho bom não. Até porque ter o salário certinho todo mês é mais gratificante?, desabafa. ?Quem trabalha para si nem sempre tem trabalho. Às vezes passa 15 dias e você fica sem dinheiro, e o salário mensal é uma coisa certa, doente ou não você vai receber, trabalhando ou não você vai receber?, completa. No caso de Lenice Ferreira, de 55 anos, o início na informalidade se deu quando engravidou da primeira filha. ?Passei a trabalhar de casa com encomendas de salgados. Com meu ex-marido, a gente começou a vender salgados na praia. Foi assim que comecei na informalidade, há 25 anos?, lembra. Ela diz que já vendeu doces e salgados na praia, na rua e em colégios e hoje aluga um bar no Estádio Rei Pelé, onde comerciala lanche nos dias de jogos. Essa é a única fonte de renda dela atualmente. ?Viver sem um salário fixo é viver na indecisão. Às vezes não consigo ir trabalhar devido aos meus problemas de saúde. Meu filho sempre vai comigo ao Rei Pelé quando consegue folgar no trabalho. Mas às vezes preciso me virar só. Aí não dou conta. No fim das contas, afeta o rendimento das vendas e complica no lucro?, explica. Ela conta que vê mais pontos negativos que positivo na informalidade. ?O positivo é que você sempre tem dinheiro quando trabalha com comida. Dizem que tudo está em crise, mas uma pessoa mesmo em crise precisa comer, e nisso eu ganho dinheiro. O contra é não ter direitos assegurados, como por exemplo o depósito do FGTS. Eu pagava por fora quando trabalhava normalmente, mas hoje em dia não mais. Trabalho sem certeza para o futuro. Pelo menos meus filhos estão criados e hoje aguardo que consigam se sustentar e eu ficar mais sossegada?, relata. Para a jovem Clarice, o hobby de fazer brownies para a família acabou virando fonte de renda para garantir o pagamento das contas. ?Sou professora também, na horas vagas e, de acordo com a demanda, faço os brownies. É muito difícil não ter uma renda fixa, até porque as contas, essas são fixas! Mas a gente se vira como pode. Faz uma propagando aqui outra ali e os brownies acabam saindo?, comenta. A economista Luciana Caetano avalia que a informalidade significa a ausência de proteção da legislação trabalhista. Ela lembra que, do ponto de vista individual, o trabalhador não tem assegurado: salário mínimo, 13º salário, férias remuneradas, folga semanal, repouso em feriados, afastamento para tratamento de saúde sem interrupção de rendimentos e aposentadoria, a menos que faça o recolhimento voluntariamente. Outro impacto para a economia que Luciana Caetano elenca é que a descontinuidade de rendimento e as oscilações de valor na renda familiar inviabilizam o consumo antecipado mediante o uso do crédito, dada a insegurança para honrar os compromissos futuros. ?Esse grau de incertezas, dificulta o planejamento dos gastos no núcleo familiar e dificulta o comprometimento da renda em projetos de longo prazo, como aquisição de imóveis ou compra de automóvel. Quando as famílias ignoram esse risco, pode crescer a inadimplência e quando não ignoram, contribuem com a retração do consumo?   Por Gazeta Web
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