A professora Jenny Teixeira Guimarães, de 33 anos, é a vítima de número 100 da Covid-19 entre os educadores de Goiás. Ela manteve diálogo com os amigos pelo grupo do WhatsApp até horas antes de ser intubada, na segunda-feira (5/4), e disse que não queria morrer. “Orem, orem, orem”, pediu.
Jenny faleceu na madrugada de quarta-feira (7/4), em Goiânia, depois que o quadro de complicações geradas pela doença se agravou e três dias depois da morte do pai, ocorrida no domingo (4/7). Ele também testou positivo para a Covid-19 e, quando faleceu, a filha já estava em tratamento. Às 3h41 da madrugada de segunda-feira, Jenny enviou mensagem no grupo de amigos professores, junto de uma foto que a mostrava deitada com uma máscara de oxigênio no rosto. “Internada. Saturação está 40. Orem, orem, orem. Eu não quero morrer”, disse. Os amigos tentaram tranquilizá-la, enviaram mensagens positivas e disseram que tudo daria certo. Às 5h50, Jenny voltou a escrever no grupo, dizendo que não havia conseguido dormir e que estava internada no Cais do Jardim América. Ela contou, ainda: “Não consigo nem ir ao banheiro, porque, se tirar o oxigênio um pouco, não respiro”. Essa foi a última mensagem da professora para os amigos. Horas após ter enviado a mensagem, ela foi intubada em um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Monte Sinai e, menos de 48 horas depois, morreu. Professora dedicada Jenny deixa duas filhas pequenas. Ela era professora contratada da rede estadual de ensino de Goiás e dava aulas de língua portuguesa no Colégio Estadual Professor Wilmar Gonçalves da Silva, localizado na Vila Morais, em Goiânia. Colegas a descrevem como uma professora dedicada, parceira dos alunos e que dizia ter nascido para lecionar.“Ela era uma professora muito dinâmica. Os meninos adoravam. Era uma pessoa alegre, extrovertida, que brincava com todos. Era a alegria em pessoa, muito atenciosa e tinha muitos amigos na educação”, conta o professor e amigo Márcio Carvalho.
O enterro ocorreu na tarde de quarta-feira, no Cemitério Municipal Vale da Paz. Um cortejo foi organizado pela família para homenageá-la, saindo do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), às margens da GO-020, em direção ao cemitério. Lista de educadores mortos O nome de Jenny passou a integrar a triste lista que traz os nomes dos educadores mortos em Goiás em decorrência da Covid-19, desde o início da pandemia. A relação, como mostrou o Metrópoles no dia 26 de março, vem sendo feita e atualizada pela professora de geografia Jocelane Batista Rabelo, que atua na rede pública de ensino. Jenny não só acompanhava a divulgação da lista como a repostava nas redes sociais, no sentido de chamar a atenção para o impacto da pandemia entre os educadores. “No dia 28 de fevereiro, ela compartilhou a lista no Facebook. Hoje, dia 7 de abril, ela faz parte da lista”, lamenta Jocelane ao Metrópoles, enquanto mostrava a postagem feita pela colega de profissão. Há 13 dias, havia 80 nomes na lista feita por Jocelane. Um vídeo de homenagem chegou a ser feito com trilha cantada pela professora e cantora, também vítima da Covid-19, em Goiás, Valéria Mendes. Desde então, outros 20 professores morreram por complicações da doença no estado e foram incluídos na relação.Mín. 22° Máx. 34°