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'Não existe PM paralela', diz secretário de PE sobre violência em protesto

'Não existe PM paralela', diz secretário de PE sobre violência em protesto

31/05/2021 às 13h54 Atualizada em 31/05/2021 às 16h54
Por: Redação - Vale Agora Web
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Hugo Muniz

O secretário de Justiça e Desenvolvimento de Pernambuco, Pedro Eurico, afirmou, nesta segunda-feira (31), que não existe polícia paralela no estado (veja vídeo acima). Ele deu a declaração após ser questionado sobre a ação truculenta da PM durante o protesto pacífico contra o presidente Bolsonaro (sem partido), ocorrido no sábado (29) no Recife.

Dois homens que não participavam do ato foram atingidos nos olhos por balas de borracha disparadas por PMs e perderam parte da visão. O governo estadual não informou quem deu a ordem para a Polícia Militar usar gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha contra os manifestantes. "Quero deixar bem claro: em Pernambuco, não existe Polícia Militar paralela. Existe a Polícia Militar de Pernambuco, que tem como o seu comandante o governador de Pernambuco", declarou o secretário. No sábado (29), em um vídeo postado no Twitter, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB) afirmou que a ação policial não foi autorizada pelo estado. Ainda segundo o secretário, foram abertos um inquérito policial de lesão corporal gravíssima e um inquérito policial militar para investigar a atuação da polícia. "Tudo vai ser objeto de investigação. Das câmeras, já foram colhidas as imagens. As imagens estão sendo estudadas e evidentemente tudo vai ser esclarecido", afirmou Pedro Eurico (veja vídeo abaixo). O G1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber quais crimes são apurados, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. "Quem desrespeitar vai responder de acordo com a lei. Nós temos um código de disciplina militar, tem a Lei de Abuso de Autoridade... Então, tudo vai ser objeto de uma investigação clara e criteriosa. [...] Nada vai ficar debaixo do tapete", declarou Pedro Eurico. Em nota, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) explicou o motivo de não divulgar os nomes do comandante da operação e dos quatro PMs afastados das funções pelo governador Paulo Câmara (PSB).

"Os policiais envolvidos na ocorrência com a vereadora Liana Cirne foram identificados, ouvidos e estão afastados de suas funções operacionais enquanto responderão a processo disciplinar na Corregedoria. O mesmo vale para o oficial que comandava a operação como um todo no Centro do Recife. Não divulgaremos nomes em cumprimento à Lei de Abuso de Autoridade, que veda a divulgação de nomes de pessoas que respondem a processos criminais ou administrativos", disse.

Ainda na nota, a SDS declarou que "as investigações, seja no âmbito disciplinar ou criminal, transcorrerão com seriedade, dentro da legalidade e com isenção". Indenização Após serem atingidos nos olhos pelas balas de borracha atiradas pelos PMs, Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e Jonas Correia de França, de 29 anos, foram socorridos para o Hospital da Restauração, na área central do Recife, onde seguem em observação nesta segunda-feira (31). Daniel passa por uma operação no olho ferido ainda nesta segunda-feira (31). A família de Jonas informou que ele vai fazer exames na Fundação Altino Ventura (FAV) para saber o que vai ser feito no olho atingido pela bala de borracha. Um terceiro ferido, Ednaldo Pereira de Lima, de 58 anos, foi atingido na perna, mas teve alta na manhã do domingo (30). Os parentes de Daniel e Jonas participam, na manhã desta segunda-feira (31), de uma reunião no Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo estadual. O Poder Executivo também informou que acompanha a assistência médica aos dois feridos. "Nós vamos conversar com os familiares e iniciar um trabalho de negociação, de ouvir as pessoas, no sentido de se buscar uma reparação em dinheiro, uma indenização", disse Pedro Eurico.

O secretário também falou sobre como deve ser a atuação da polícia em manifestações. "O protocolo é de acompanhamento e respeito aos manifestantes e qualquer esforço terá que ser de forma gradual e mínima. Sempre o protocolo indica primeiro negociação, segundo entendimento e terceiro, se tiver necessidade de um confronto, que se dê com o mínimo de violência possível. Primamos pelo respeito aos direitos humanos e pela ordem democrática", declarou.

Ministro repudia ação da PM Através de uma postagem no Twitter na manhã desta segunda-feira (31), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repudiou a repressão da PM ao protesto realizado na capital pernambucana no sábado (29). "As cenas de truculência e brutalidade da ação policial em Recife causam imensa preocupação com o despreparo das forças para lidar com manifestações de grande porte, que tendem a se tornar frequentes em 2022. Dois homens que sequer manifestavam perderam um olho. Até quando?", declarou, na postagem. Manifestação pacífica O ato do sábado (29) foi organizado por centrais sindicais e movimentos sociais em uma mobilização nacional que promoveu manifestações em todo o país contra Bolsonaro e a favor da aceleração de medidas de prevenção à Covid-19, como a campanha de vacinação e auxílio emergencial de, ao menos, R$ 600. No Recife, os manifestantes caminhavam com faixas com dizeres como "estou na rua porque Bolsonaro recusou mais de 150 milhões de vacinas" e "fora Bolsonaro genocida", e estavam organizados em filas, para tentar respeitar um distanciamento social mínimo e prevenir o contágio pela Covid-19. Após sair da Praça do Derby, o protesto chegou, por volta das 11h30, à Ponte Duarte Coelho, também no Centro da capital. No local, a Polícia Militar começou a dispersar os manifestantes. Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram atiradas contra os participantes do ato. Houve correria e gritaria. Entre as vítimas, está a vereadora do Recife Liana Cirne (PT), que foi atingida com spray de pimenta no rosto por policiais. O cantor Afroito foi arrastado e detido por policiais militares durante o protesto, sendo liberado após pagar fiança de R$ 350. O advogado Roberto Rocha Leandro, que é presidente da Comissão de Direito Parlamentar da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB), foi agredido com duas balas de borracha na perna e duas nas costas disparadas pelos policiais militares.
                                                                  Por: G1
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